sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Curiosidades: O crime em forma de poesia


Data: 05.08.11


O delegado Reinaldo Lobo, da 29ª DP, no Riacho Fundo (DF), a 18 km de Brasília, surpreendeu algumas pessoas ao registrar um crime de receptação em forma de poesia.

O documento apresentado faz parte do inquérito policial, formado também pelo auto de prisão em flagrante, as oitivas e o relatório. A peça final, única feita em poesia, não foi aprovada e teve que ser refeita.

Os versos começam assim:

"O preso pediu desculpa /
 disse que não tinha culpa /
 pois estava só na garupa /
 foi checada a situação /
 ele é mesmo sem noção /
 estava preso na domiciliar /
 não conseguiu mais se explicar".

Mais adiante, o delegado prossegue:

"Se na garupa ou no volante /
 sei que fiz esse flagrante /
 desse cara petulante /
 que no crime não é estreante".

E por aí se foi.

Procurado por jornalistas do DF, o policial explicou, em prosa,  que "a vontade de fazer um trabalho diferente motivou a redação do poema".

E justificou: “O nosso trabalho é um pouco de idealismo. Apesar de muito árduo, ele é um pouco de fantasia, de você lutar pela reconstrução e pela melhora do mundo. Isso traz muita realização e eu quis transformar isso em arte, daí a ideia da poesia”.

Ele também disse que sua intenção era chamar a atenção de quem fosse ler o inquérito. "Deparamo-nos com situações difíceis. Naquela noite, tive vontade de transmitir uma mensagem a quem fosse ler aquelas peças”.

Apesar da criatividade, o relatório foi do Foro para a Corregedoria, de onde retornou com uma determinação para que fosse escrito nos padrões da polícia.

Lobo achou melhor solicitar o ajuste a outro delegado. “Não existe nada que regre a redação oficial de um relatório. O Código de Processo Penal só exige que se narre o caso e se citem as informações importantes. O delegado deve ter liberdade de fazer isso”, defendeu.

Foi a primeira vez que Lobo escreveu um relatório em poesia. Apesar de o formato não ter sido aceito, ele diz que não abandonou completamente a ideia.

“Vou tentar um diálogo com a Corregedoria /
 para ver o que é possível fazer em harmonia” -
arrematou, fazendo nova rima.


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